Enfrentar o contravento é uma realidade inescapável no ciclismo, exigindo não apenas força física mas também uma abordagem estratégica. Este artigo eu procuro explicar com o que aprendo na prática e nos estudos, como ciclistas de Speed “Road” e Triathlon “TT” podem otimizar suas performances, considerando aspectos aerodinâmicos, equipamentos, e técnicas de pilotagem.
Entendendo o Contravento e a sua Posição na Bicicleta
O contravento, ou vento frontal, desafia os ciclistas ao aumentar o arrasto, o que exige mais energia para manter a mesma velocidade. A aerodinâmica se torna crucial; um posicionamento eficiente e uma bicicleta bem configurada podem reduzir significativamente esse arrasto.
Mas no meu entendimento, boa parte do arrasto criado no contravento é do corpo do atleta, então fica a dica de pensar na posição do corpo, ao invés de ficar pensando em equipamentos para a bicicleta.
Bicicletas e o Comportamento Aerodinâmico
Bicicletas de speed e TT são desenhadas com foco na aerodinâmica. Enquanto as bicicletas TT são otimizadas para cortar o vento com mínima resistência, as de speed oferecem uma versatilidade maior em diferentes condições. Como já entendemos que o arrasto aerodinâmico é majoritariamente causado pelo ciclista, vamos abordar outros pontos que podem ajudar no pedal contravento.
Cadência e Marchas
Ajustar a cadência e a seleção de marchas em resposta ao vento é vital. Contra o vento, recomenda-se usar marchas mais leves e manter uma cadência alta para evitar a fadiga excessiva.
“Se você está pedalando a uma cadência de 80RPM, quando pegar o contravento, suba duas marchas e pedale a uma cadência de 90RPM.”
Elionais Soares
Com vento a favor, marchas mais pesadas permitem aproveitar a assistência natural para aumentar a velocidade sem aumentar significativamente o esforço.
Rodas: Fechadas vs. Abertas
Geralmente as rodas fechadas são usadas para melhorar a aerodinâmica. Elas ajudam a reduzir o arrasto aerodinâmico, permitindo que o ciclista mantenha velocidades mais altas com menos esforço, especialmente em condições de vento favorável ou em percursos planos.
Já no contravento, as rodas fechadas podem apresentar desvantagens. Embora sejam ótimas para melhorar a aerodinâmica em condições de vento favorável, elas podem tornar a bicicleta mais difícil de manejar em ventos cruzados devido à sua superfície maior, que pega mais vento lateral. Isso pode afetar a estabilidade e o controle da bicicleta, tornando-as menos ideais para condições ventosas. Portanto, é importante avaliar as condições climáticas e o tipo de percurso antes de optar por rodas fechadas em situações de contravento.
Aproveitando o Vácuo
O vácuo é uma técnica eficaz para economizar energia, mas tem regras para usá-la em provas, por isso não pense que tudo é permitido. Ao seguir de perto outro ciclista, o arrasto aerodinâmico é reduzido significativamente, dando a quem está no vácuo uma vantagem de pedalar sem a resistência que o contravento oferece. Essa prática é especialmente útil em provas de longa distância ou quando as condições de vento são desfavoráveis e você está em um pelote de ciclistas.
Mas ao pensar em praticar o vácuo em provas, assista com muita atenção o congresso técnico do evento que você irá participar para entender se pode ou não usar essa prática.
Quando ciclistas andam juntos em linha, cada um sente menos resistência do vento do que se estivessem pedalando sozinhos. A distância entre as rodas dos ciclistas é bem curta, cerca de 0,05 metros. A imagem acima mostra a porcentagem de resistência que cada ciclista enfrenta em comparação com um ciclista sozinho. A cor verde na imagem indica a posição com a menor resistência, ou seja, a melhor posição para estar na linha dos ciclistas.
Métricas de Desempenho com Garmin
Utilizar dispositivos como o Garmin para monitorar métricas de desempenho pode ser uma ótima escolha em provas de grande desafio físico, ainda mais quando o desafio é o contravento. Pense que ao analisar suas métricas, você terá mais capacidade de tomada de decisão para entender seu desempenho e ajudar a economizar energia ou decidir o momento certo para um ataque.
Algumas das métricas importantes incluem:
1. Velocidade Atual: Comparar sua velocidade com condições normais pode ajudar a entender o impacto do vento.
2. Potência: Medir a potência de saída mostra quanto esforço você está fazendo, o que é crucial para decidir se deve economizar energia ou atacar.
3. Cadência: Manter uma cadência ótima ajuda a manter a eficiência muscular.
4. Frequência Cardíaca: Monitorar sua frequência cardíaca pode indicar se você está no seu limite ou se pode forçar um pouco mais.
5. Dados de Vento: Alguns modelos avançados podem fornecer informações sobre a direção e a velocidade do vento em tempo real.
DICA EXTRA DO EDUARDO DANTAS
Conclusão
Dominar o contravento requer uma combinação de equipamentos adequados, técnicas corretas e estratégias inteligentes. Com a preparação certa, os ciclistas podem transformar este desafio em uma vantagem competitiva.
Espero que esse artigo sirva como um guia para ciclistas que buscam melhorar seu desempenho e eficiência quando enfrentam o inevitável contravento, como eu que estou neste momento treinando para melhorar essa técnica.
Ao aplicar essas estratégias, o ciclista não apenas melhora suas habilidades, mas também aumenta seu prazer e sucesso nas provas.